8.1.15

Charlie

O que aconteceu é estúpido.
É tão básico como isso.
Claro que há certas noções básicas que não cabem na cabeça de algumas pessoas. Não é a primeira vez e nem será a última. Tanto mais que Charlie já havia sido alvo de ataques. Mas querer silenciar uma forma de estar de todo um quadrante do mundo pela força do terror não é a forma certa. E o que aconteceu só vai exarcebar alguns sentimentos menos bons. O que eu digo a estes degenerados* é simples: se não gostam de estar aqui, que se mudem para as montanhas do Afeganistão e vivam nas cavernas. Isolados e sem oportunidade de se sentirem ofendidos.
O que me parece por demais aborrecido.
Dado que a Europa se tem vindo a extremar mais e mais – com ataques a mesquitas em Stockholm ou manifestações contra a ismalização da Europa na Alemanha – o que aqui aconteceu só vai contribuir para as teorias loucas da extrema-direita. Porque há loucos em todo o lado. E eu ainda vou querer ver no que é que isso vai dar. Porque se é verdade que os políticos do costume se apressam a vir dissipar medos e a esclarecer as coisas, também terão que aplacar os extremistas dentro da Europa na hora das eleições.
O que os degenerados que mataram o agente Ahmed – que lhes terá perguntado se o iam mesmo matar – também provocaram foi uma onda de solidariedade que é raramente vista. Houve gente nas ruas em Paris e noutras cidades. E a força das massas é difícil de ser parada, sobretudo quando se vive em democracia.
Daqui a uma ano lembrar-nos-emos desta desgraça e lembraremos os heróis da liberdade de expressão que morreram nas mãos de uns tontos. E Charlie continuará a satirizar o que bem lhe aprouver. E com a força de um mártir.

* Quero deixar aqui bem claro que os degenerados são os tontos que pegam em armas em nome do profeta (ou por outra qualquer razão, diga-se) e não todas as boas pessoas que professam a mesma religião)

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