16.8.14

Take Another Plane. Ou TAP.

Oiço a piadola de TAP querer dizer take another plane já há bastante tempo. E, diga-se, com os infortúnios que a assolaram recentemente, se calhar nem era má ideia. Mas será assim tão mau?

Há uma tendência fatalista em Portugal de dizer mal de tudo o que é nosso. Já o sabemos. E ainda bem, senão não haveria fado nem as velhinhas a queixarem-se por tudo e por nada. 
Mas, meus caros, atrasos há-os em qualquer sítio do mundo. Posso dar-vos exemplos pessoais da Air France, do ICE na Alemanha, dos autocarros no Japão. O importante é ter estratégias para lidar com situações dessas. 

Há também a natural insatisfação de quem fica pendurado num aeroporto. É normal. Porque um avião não tem a frequência de um autocarro. Ou de um comboio. Por isso é também importante ter estratégias para lidar com as pessoas que ficam penduradas nos aeroportos.

E quanto a isto, parece-me que a TAP tem vindo a desenvolver esforços para minimizar os atrasos. E apresenta números que apontam nesse sentido. Se bem que a minha impressão meramente empírica é que ainda acontecem muitos atrasos... Mas também vos digo que a EasyJet já me largou em Gatwick às 4 da manhã e não às nove da noite.
E também é verdade que a TAP, assim que se apercebeu do impacto da falta de vaiões tratou de avisar toda a gente o quanto antes. E isso não pode ser negado.

Mas estas coisas mancham a reputação de uma empresa. Que, a meus olhos, tinha vindo a melhorar em termos de serviço e em termos das ofertas que faz. E a verdade é que tem vindo a aumentar a ocupação dos seus aviões e os destinos que oferece.

Quem não parece perceber bem o impacto do diz-que-disse é o senhor presidente da empresa. Que fica triste por as pessoas não se lembrarem das coisas boas em momentos em que caem pedaços de aviões e se cancelam viagens, como li numa sua entrevista.
Pois, meu caro Fernando Pinto, como se diz em inglês no news is good news e como se diz tragicamente em português, as más notícias correm depressa. É só o que lhe tenho a dizer.

Por fim, e depois de ter lido umas coisas interessantes a respeito da estratégia adoptada pela TAP, tenho a dizer que acho muito bem que se queiram expandir e disputar mercados. E certos nichos.
Voar para a Ásia é dinheiro certo nos dias que correm, mas não me surpreende nada a estratégia passar, para já, pelo reforço da presença na América Latina (mais ninguém voa para Porto Alegre ou Belém, por exemplo, e poucas empresas voam para Fortaleza ou Brasília) ou pela continuação do trabalho em África (ninguém voa tanto para Luanda ou para Cabo Verde e ninguém voa para Maputo).

E está bem claro que foi aprendida uma lição importante. Tanto que a expansão da rede continuará, mas haverá um avião de reserva no hangar para o verão que vem. É que esta brincadeira custou milhões à TAP. Entre a reputação, os alugueres de outros aviões e tudo mais.