29.12.13

Dúvidas que me assolam ao final de um domingo enquanto passo a ferro e vejo as notícias

Falavam na televisão dos aumentos de preços para este ano que aí vem. E diziam, entre muitas outras coisas, que o preço da electricidade vai aumentar. Também porque há uma grande disparidade entre o custo real da produção de energia e o custo que os clientes pagam.

Mas eu pergunto-me: então se a EDP apresenta milhões de euros de lucro, como é que a disparidade é assim tão grande?

(Sim, sei que tem outros negócios. Sim, sei que é suposto dar lucro. Sim, sei que há outras empresas no mercado. A isto digo que se recebe tanto em lucros por um lado, e dada a sua posição dominante e numa área fulcral para qualquer país, bem podia ter alguma responsabilidade social e, sobretudo ética, por outro. E que as outras empresas vão a reboque, como se isto fosse tudo concertado.)

19.12.13

Video killed the lawyers



Este vídeo anda nas bocas do mundo. Parece prenunciar o fim do mesmo. E eu, coitado, vejo-o e penso "aleluia".

Já debati a questão. Já me foi dito que não é próprio de profissionais. Que as senhoras estão demasiado sensuais e que vendem é outra coisa. Que trata levianamente o objecto que parecem querer vender.

E eu penso "balelas".

E ando a pensar muito, pelos vistos.

Eu olho para o vídeo e vejo umas senhoras bem parecidas. Que até podem ser competentíssimas, vejam bem! E que escolheram uma estratégia arrojada de venda do seu produto.
É que me faz imensa impressão alguém ver uma senhora bem apresentada e pensar logo que é uma marioneta no mundo dos negócios e que é uma tontinha que se deixa objectificar.

"And so what?!", que eu sou moderno e penso até em inglês.

O que lamento é que se ligue profissionalismo a cinzentismo, a bustos necessariamente tapados até ao gargalo e à ausência de holofotes. Que se o faça caber unicamente nos limites do sistema e do que é convencional.

Parece-me que as mulheres são presas por terem cão e por não terem. Sempre e constantemente. Porque se não se chegam à frente, precisam de se emancipar. E depois se se chegam à frente, é preciso serem pias e sossegadinhas e beatas.

Deontologia à parte, se eu precisar dos serviços das senhoras - e tiver guito, que os modelitos não se pagam sozinhos - terei muito prazer em me sentar na mesma sala que uma pessoa elegante.

A prova

Esta questão da prova dos professores tem atormentado os meus pensamentos. 
E chego a algumas conclusões que me fazem pensar ainda mais. Coisa que evito, que os meus neurónios não têm energia eterna.

Conclusão primeira: este governo faz tudo mal. Ou quase tudo. 
Subtraiamos a forma da prova ou a sua necessidade, e chegamos à conclusão que o governo não dialoga, não comunica, não procura formas de entendimento.
Nada de novo, é certo, mas muito triste. Sobretudo numa área tão importante como a educação.

Conclusão segunda: esta corporação apertadinha que é a dos professores é levada da breca. Porque ainda não vi opções à prova. E uma coisa que acho, se querem que vos diga, é que a avaliação como é feita hoje é que não está bem.
Não digo com isto que concordo com esta prova digna da quarta classe e absolutamente injusta, porque genérica e simplista, mas uma avaliação baseada na antiguidade - antiguidade não é posto, meus amigos! - nas notas que se teve na universidade - e tão díspares que elas são! - e num relatório para a passagem de escalão é igual a nada, é igual à promoção do mediano e é igual a manutenção do status quo.

Conclusão terceira: não há estratégias na política da educação. E não é coisa deste governo somente.
Há áreas da governação que requerem uma cooperação política alargada. E a educação é uma delas. 
Não podemos ter políticas sempre a mudar, direcções contrárias a cada ciclo político. Mesmo que seja no que toca à avaliação dos professores, esses agentes fundamentais na formação - não somente pedagógica - deste país. É que não pode ser mesmo.
Um amplo consenso é obrigatório nesta área. E não unicamente no IRC para as PME.

Conclusão quarta: quem está no quadro nem precisa de se chatear. 
Mas, lá está, voltamos ao mesmo: a avaliação. Porque não é por se estar no quadro, e com um modelo de avaliação destes, que se garantem bons profissionais. É que não mesmo.
Alguém comentava no Facebook que os maus professores que havia tido seriam, possivelmente, os do quadro. E isso deixou-me mesmo a pensar...

Com isto tudo, acho, sinceramente, que estão todos errados. Uns porque vivem lá nos gabinetes e acham que experimentalismos pseudo-iluminados é que são bons; outros porque parecem querer perpetuar um sistema que não beneficia os melhores e os que vão além do esperado.

O que eu queria na avaliação era um sistema objectivo, centrado na realidade da educação e nas necessidades dos alunos. Esses peões no meio disto tudo.
Gostaria de ver os professores perfilados nas listas pelo valor do que trazem de novo, de melhor, de inovador. 

Como lá chegar não seria fácil. Seriam precisas conversas, descer à realidade, desalinhar ideias feitas, acabar com feudos e preconceitos. E isso leva tempo. 
E vontade. Muita.

10.12.13

Razão tem-la a minha prima

Este governo tão preocupado com os pobrezinhos veio com mais uma ideia peregrina: ter em conta a situação familiar na hora de despedir alguém.

Isto é tudo muito giro, mas como é que se pode atirar uma acha tão subjectiva para a fogueira que é um despedimento? Como é que isto é possível? 

Para que serve ser competente se, no fim, isso não vale - como tantas outras vezes - para nada?

A política de emprego e de natalidade não pode ser baseada em competição mortal e subjectiva deste nível. Deve, isso sim, ser feita através de uma política de educação a custo baixo, de políticas de licença de maternidade prolongadas e ajustadas às necessidades, de acompanhamento em creches e escolas adaptado aos horários de hoje em dia, de ajudas ao longo da vida das crianças que sejam de facto válidas e construtivas.

A juntar a isto, vai o governo olhar para o IRS de forma a dar ainda mais benefícios às famílias grandes. É de louvar, sim. Sem sarcasmo. 
Mas levará aqui o governo em conta a situação familiar? É que uma família grande a brincar aos pobrezinhos na Comporta é bem diferente de uma família grande a ficar sem emprego com a concessão esperada em Viana do Castelo.

Mas a iluminada direita portuguesa, tão maravilhada com os conceitos bom-cristãos, não deve ir na conversa...


A senhora só se pode ter enganado sobre o erro

A senhora presidente do FMI, essa miss de cabelo grisalho, veio agora dizer que parece que os grandes sábios tecnocratas não previram bem os efeitos da austeridade expresso.

Então e agora? Agora que estamos todos entalados com impostos até à ponta dos cabelos e a perder benefícios que temos vindo a ganhar desde há décadas. Como é que é? Quem é que vai ser chamado a responder por este simples erro dos burocratas excelsos que nos está a fazer regredir décadas?

Haja mais tempo. Haja mais inter-ajuda desinteressada. E, sobretudo, haja milhentas lições aprendidas para o futuro.