22.11.14

E por falar em filmes, a Justiça Portuguesa Produções apresenta "Sócrates"

Antes demais, Sócrates foi detido. Não foi preso.
Neste momento continua a ser ouvido e há buscas a decorrerem para se recolher informação.

A mim não me choca a sua detenção, mas choca-me a surpresa e o alarido que há em volta da sua detenção. Como se um ex-primeiro ministro não pudesse ser alvo de suspeitas. 

Eu não acredito muito em teorias de conspiração e jamais quero acreditar que o timing desta detenção pudesse ter sido manipulado por motivos políticos. Mas a verdade é que deter Sócrates neste momento - com um congresso do PS à porta e a sua consequente reafirmação - vai ser um problema. Até porque Sócrates nunca foi encarado como um monstro dentro do partido.

Também se diz que agora as atenções se desviam de outros casos: BES, subvenções e mais uma catrefada deles que nem me lembro.
Ora, se é bem verdade que Sócrates será objecto de extensas reportagens e longuíssimos debates na comunicação social, também é verdade que a justiça não se permitirá distracções e continuará a investigar o que tem que ser investigado.
Eu pelo menos assim o espero.

Por últimos duas coisas:
Se os políticos dos partidos moderados são todos os mesmos, então não votem neles. Em vez de se queixarem, escolham outros. 
Menos o Marinho Pinto, por favor, que esse já provou não ser de confiança;
Isto não se trata de uma limpeza ao sistema. Longe disso! É uma investigação sobre um ilustre político e uns quantos à sua volta. Que eu só acredito que haja uma limpeza ao sistema quando lá vir mais uns quantos... 
Nem que os persigam de submarino.

Este filme vai continuar e dar que falar. 

E se houver provas sólidas e irrefutáveis, pois que se o prenda!

Interstellar

Um belíssimo filme.

Em tudo: na história, na ficção, na verosimilhança, no realismo, nos planos, nos efeitos, nas imagens, nas palavras, na representação.

Se não o viram, vejam-no. 

É tão bom, tão bom, que estou capaz de o ir ver outra vez ao cinema.

Eu dou-te a subvenção!

Eu acredito na dignidade e na responsabilidade da posição de deputado à Assembleia da República. É também por isso que defendo uma relação muito mais directa entre o eleito e os eleitores, coisa que o sistema que usamos não facilita. Por isso também não me espanta que os deputados tenham certos direitos que o comum dos trabalhadores não tem.

Mas a Isabel quer agora recorrer ao Tribunal Constitucional de forma a que este aprecie a inconstitucionalidade da continuidade da supressão das subvenções vitalícias dos senhores deputados. E quer-me parecer que ela se está a esquecer de uma coisa que devia ser muito importante na política: a moral.

Se ela até pode ter razão, tendo em conta uma lógica meramente legal, não a tem a nível moral. Nem ninguém que defenda que se prolonguem cortes ao comum dos trabalhadores - ou dos que já o foram - e se volte atrás nos cortes de quem mais tem. Não é bonito, não é justo, não é aquilo que a política deve ser.

Aliás, até me faz muita espécie como é que os deputados têm o poder de decidir as suas próprias regalias. Imagine-se se todos o pudessemos fazer onde trabalhamos! Era giro.

Achei interessante que alguém - aparentemente nas cúpulas - ganhasse juízo e não avançasse com esta proposta. Porque seria muito desprestigiante para uma classe política que já muito pouco prestígio tem junto dos demais. E se os dois maiores partidos do sistema podem falar e concordar nisto, bem que o podem fazer em relação a outras coisas igualmente relevantes para o país.
E eu deixo já uma dica: estratégia.

Como quem não quer a coisa.

16.11.14

Maldita caridadezinha

Parece que para o ano Portugal estará melhor. E se formos muito bem comportadinhos e o mundo for um sítio lindo, até nos baixam os impostos e estaremos ricos de um ano para o outro. É o que está orçamentado.

Curiosamente, 2015 é ano de eleições.

A tristeza de quem manda e vai mandando neste país é pensar que o salário mínimo é digno e chega. E que podemos ir às urgências pagar vinte euros.

Ah, mas esperem lá: o governo aumentou o número de pessoas isentas de pagamento de taxas.
Mas eu pergunto: o raciocínio não deveria ser ao contrário? Não deveria o objectivo ser ter mais gente a pagar (presumindo que o acesso universal a algo tão básico como a Saúde deva ser pago)?

Acho esta subversão de valores lamentável. E não é por uma questão filosófica ou meramente ideológica. É por uma questão basilar da política: servir os cidadãos.


15.11.14

Ainda dos doutores portugueses aos olhos da Angela

Se há demasiados licenciados em Portugal, eu não sei. Mas ficou tudo em polvorosa com algumas palavras ditas pela manda-chuva alemã - até porque a comunicação social cá do burgo escolheu bem o que partilhar.
Mas a verdade, é que a senhora até pode ter razão no que toca à falta de gente qualificada tecnicamente sem necessariamente com um diploma de uma universidade.
O que me parece ser mais relevante seria o people preocupar-se com a qualidade do ensino técnico - que não é só para quem não é bom o suficiente para a universidade - do ensino universitário - vejo coisas muito tristes - a facilidade de acesso a ambos os ensinos dependendo da vontade do estudante - hoje em dia fortemenre condicionado - a preocupação que a populaça ainda tem com títulos - get over it - a relação das escolas técninas, politécnicos e universidades com o mundo real e empresarial - muito diminuta nos dias que correm - e a percepção de que um canudo traz mais realização e mais dinheiro - o futuro provará que isso não é bem assim.
O que as palavras da dita manda-chuva deviam ter despertado deveria ter sido a consciência colectiva em torno da educação no seu todo. E nomeadamente a consciência dos governantes e dos possíveis governantes para uma estratégia integrada e de longo prazo para a Educação. Que claramente não existe.