28.3.14

A avó Teodora é uma divertida

Esse ícone dos tempos modernos - a querida Teodora Cardoso - veio há uns dias sugerir que se taxem os levantamentos de dinheiro de forma a incentivar a poupança.

E eu digo à avó Teodora: o people levanta dinheiro porque precisa de comer, de se vestir, de se deslocar. Não é para andar na Avenida da Liberdade às compras.

Pelo menos o people comum.

Antes deste valentíssimo disparate, a avó Teodora podia sugerir que o Rock In Rio pagasse aos "voluntários" que vão para lá trabalhar, que a EDP baixasse o preço da eletricidade, que as contra-ordenações não prescrevessem.

Mas se calhar o louco sou eu.

19.3.14

A distância destrói relações

Há aquela coisa a que se chama distanciamento entre a política e a realidade. E vi isso acontecer nos últimos tempo e ontem foi um bom exemplo disso.

Nos últimos tempos tenho visto e lido notícias sobre cortes brutais ou totais em muitos dos apoios que o Estado oferece a crianças com necessidades especiais. Eu, que não gosto da subsídio-dependência, entendo porém que é necessário o Estado apoiar quem de facto necessita. O Estado Providência existe por alguma razão...

Mas o que me deixa triste e muito céptico face a uma certa política - baseada em números - foi o que vi ontem: uma manisfestação de dezenas de famílias afectadas pelos cortes destes apoios e que nada mais pedem do que o que recebiam. E a resposta do senhor ministro da Segurança Social foi a de que o apoio nos últimos anos tinha aumentado não sei quantos milhões de euros.

É bonito, sim senhor. Mas os cortes afectam quem estava na rua a manifestar-se. Por isso, convinha perguntar se os milhões estão a ser dirigidos para quem devem ser. Também convinha ver as questões das pessoas escalarecidas. Porque mudar as coisas nos gabinetes e maribarem-se para a realidade nunca dá bom resultado. 

Não é função do senhor ministro ir ver caso a caso, mas seria de bom tom ter referido que, a par do maior investimento, iria mandar ver o que se passa com aquela gente toda para poder estudar soluções.

Mas não.

E até pode ser que alguns apoios devam ser cortados, mas o ministro vir nestes termos não cai bem. Não cai bem a quem estava na rua a segurar bandeiras negras e a lamentar a sorte dos filhos.

3.3.14

Diz que estamos melhores

Diz a douta Ferreira Leite que o país não é uma coisa abstracta, que nele vivem pessoas. E não posso estar mais de acordo.

O senhor Coelho diz que estamos melhor, que agora é que vai ser, que assim é que é. Mas o que vêm as pessoas no dia a dia? Impostos mais altos, menos apoios, um desinvestimento em áreas estratégicas como a Saúde e a Educação. 

Quer-me cá parecer que entre o estarmos melhor e o sentirmo-nos melhor vai uma grande diferença.

Dói quando se vê uma família com pouco mais de seiscentos euros mensais ver o subsídio que recebia terminado e assim o filho não poderá continuar a receber o apoio que recebia até agora por conta dos seus problemas de aprendizagem. É lixado, aos 12 anos...

Ou ver pessoas que vão deixar de ter acesso a tribunais e outros serviços só porque vivem no sítio errado e, maganos, nem transportes têm como deve ser para chegarem ao concelho ao lado.

Não defendo a subsídio-dependência. Mas defendo o pagamento digno do trabalho, porque competirmos pelos baixos salários não nos levará a lado nenhum.
A equação é muito fácil: se eu receber mais, gasto mais, pelo que pagarei mais impostos e haverá mais dinheiro a circular.

Como é que chegamos lá? Com reformas estruturais, sim, mas feitas com pés e cabeça e não subservientes a Berlim, a Washington ou coisa que lhes valha.

E para isso é preciso muita conversa, muito entendimento, muito diálogo e, sobretudo, uma mudança de paradigma do caraças.

Um mero peão

Li há pouco que a Rússia ameaçou a Ucrânia com um ataque pleno se não render a Crimeia até às três da manhã de terça-feira. O que faz com que seja muito bem possível eu acordar amanhã com uma guerra a decorrer no outro lado da Europa.

É triste. Porque aquele país é um mero peão nas esferas de influência que ainda se sentem. Uns com um ego enorme, outros com dinheiro e recursos nos bolsos e os coitados no meio que se lixem.

A desagregação da URSS pôs a nú as divisões alietórias de espaço que tinha dentro de si. Exílios, interesses, migrações em massa moldaram a coisa e agora é isto.

E o que me assusta não é a sombra da terceira guerra mundial. Que acho sinceramente que isso não irá acontecer. O que me atormenta é que a Ucrânia vai ficar sozinha e abandonada. Como já esteve até aqui.
Senão vejamos: a China já veio apoiar a Rússia. Não que a China se meta em guerras dos outros, mas tem todo o peso que o seu novo estatuto de primeira potência económica mundial lhe confere. A Rússia não teme o Ocidente porque o comprou com casas em Londres ou na Riviera Francesa ou na ilha de Chipre. Os EUA não se vão meter numa guerra que lhes vai trazer mais traumas e custar uma pipa de massa. A Europa é um franganito que não irá actuar numa frente destas e vai alinhar com o Reino Unido que já veio dizer que é pela paz e pelo diálogo.

E no meio, lá está, lixam-se os que lá estão. Com os revivalismos de extrema direita, com a confusão em ser pró-Rússia e ostentar bandeiras com foices e martelos, com as quedas de governos que têm o apoio de metade do país e, claro, tudo isto na premissa de que como há interesses de uns no país dos outros butes lá invadir aquilo.

Com base nisto eu voto na invasão da Sibéria por Portugal, porque há lá petróleo, devem lá haver uns portugueses espalhados e é mais fresquinho no verão. É, por isso, do nosso interesse.