22.7.14

A afirmação do indivíduo

Tenho notado que o meu Facebook aparece pejado de referências à necessidade de sermos nós mesmos. Ou com notinhas próprias de adolescentes com acne dizendo que são como são e quem não gosta não gosta.

E isto faz-me muita espécie.

Obviamente que cada um é livre de publicar o que quiser e se eu não quiser ver, tenho bom remédio. Mas as publicações deste tipo deixam-me a pensar. E deixam-me, vá, incomodado.

Cada um é como cada qual, como diz a minha mãe. E é bem verdade. Mas essa máxima de prezar o indivíduo acima de tudo é assim tão válida? Há então problema em andar nú no trabalho porque estão mais de 30C e eu gosto de andar nú? Posso pregar um estalo numa criança mal comportada porque o paizinho não lhe ensina o que são maneiras? Posso cuspir na cara de uma pessoa só porque é idiota?

A resposta é: não.

Se é bem verdade que cada um é como cada qual, também é verdade que vivemos todos juntos. Que não precisamos de esfregar quem somos na cara de ninguém. Há que sermos o que somos, sem dúvida, mas sem nos julgarmos mais que o próximo.

Porque viver em sociedade e ser-se respeitado enquanto membro do grupo passa por isso. E não quer dizer que sejamos só mais um. Igual aos outros.

E se também é verdade que quem não gosta não gosta, então, meus amigos, tenham os tomates de confrontar quem não gosta e assim escusam de lavar a roupa suja em público. Resulta que é uma maravilha e não funciona só como expiação de uma personalidade a precisar de afirmação.

(Não sou dono da verdade. Mas incomoda-me este individualismo idiota em troca de nada.)

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