3.3.14

Diz que estamos melhores

Diz a douta Ferreira Leite que o país não é uma coisa abstracta, que nele vivem pessoas. E não posso estar mais de acordo.

O senhor Coelho diz que estamos melhor, que agora é que vai ser, que assim é que é. Mas o que vêm as pessoas no dia a dia? Impostos mais altos, menos apoios, um desinvestimento em áreas estratégicas como a Saúde e a Educação. 

Quer-me cá parecer que entre o estarmos melhor e o sentirmo-nos melhor vai uma grande diferença.

Dói quando se vê uma família com pouco mais de seiscentos euros mensais ver o subsídio que recebia terminado e assim o filho não poderá continuar a receber o apoio que recebia até agora por conta dos seus problemas de aprendizagem. É lixado, aos 12 anos...

Ou ver pessoas que vão deixar de ter acesso a tribunais e outros serviços só porque vivem no sítio errado e, maganos, nem transportes têm como deve ser para chegarem ao concelho ao lado.

Não defendo a subsídio-dependência. Mas defendo o pagamento digno do trabalho, porque competirmos pelos baixos salários não nos levará a lado nenhum.
A equação é muito fácil: se eu receber mais, gasto mais, pelo que pagarei mais impostos e haverá mais dinheiro a circular.

Como é que chegamos lá? Com reformas estruturais, sim, mas feitas com pés e cabeça e não subservientes a Berlim, a Washington ou coisa que lhes valha.

E para isso é preciso muita conversa, muito entendimento, muito diálogo e, sobretudo, uma mudança de paradigma do caraças.

1 comment:

  1. As pessoas perguntam: "Como é possível que estejamos melhor se a situação de toda a gente continua péssima?" A resposta é simples: não estamos melhor coisa nenhuma. Quem disser que estamos (do nosso Governo à Comissão Europeia ou ao Banco Central Europeu) está pura e simplesmente a mentir. Ou então acha que o aumento das fortunas da nossa meia dúzia de milionários é sinónimo de progresso económico e social.

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