26.4.14

Do 25 de Abril

O 25 de Abril é uma data importante no nosso calendário. Foi um acto que funda a estrutura em que nos baseamos agora. Sem ele, não haveria educação democratizada, acesso a cuidados médicos facilitada nem tão-pouco este blog.
O 25 de Abril acabou com um regime que ditava a posição social das pessoas, que impedia as massas de falar, que as violentava, que as amordaçava.

Mas, creio, o 25 de Abril não deve ser confundido com o ideário da esquerda radical. E é-o muitas vezes. Porque serve de desculpa para tudo, é referido todos os dias, banalizando-o até ao nada.

É bem verdade que não vivemos num mundo perfeito. Que há quem ainda passe fome e que as grandes fortunas estão de volta pela mão deste governo autista. E, desculpem-me, mas estamos infinitamente melhores do que nos tempos do outro senhor.
Mas em vez de vermos referências a 1974, que tal termos soluções de hoje? Que tal haver uma reinvenção do espírito de Abril adaptada aos dias de hoje? 
A não ser que me venham falar da necessidade de outra revolução - uma democracia não se compadece com tal coisa, parece-me - ou de necessidade de acabar com a censura - que não existe.

Fico feliz por um bando de gente se ter organizado e posto fim a um regime nojento que nem com primaveras chegou a lado nenhum. Mas custa-me ver um 25 de Abril usado e abusado para tudo e mais alguma coisa e ver, na verdade, poucos resultados, poucas ideias concretas, poucas acções para verdadeiramente melhorar o que vivemos.

O 25 de Abril merece ser lembrado e festejado. Mas também respeitado e usado para andarmos para a frente.

E uma nota final para a minha querida Inconseguida que, se não ouviu dos capitães de Abril o que não queria ouvir, acabou por lhes dar mais protagonismo e, ao convidar o povão para a assembleia, também ouviu o que não queria. E nem o cravo na lapela a escudou.

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