4.8.13

Valha-nos a Espírito Santo

É graças a ela que a silly season se tornou ainda mais silly do que o costume. E por isso lhe agradeço.

Foi uma piadola de muito mau gosto, sobretudo numa altura em que todos - ou melhor - quem trabalha passa, em geral, por um mau bocado. Tirando todos os outros que nem emprego têm neste momento. E que são muitos. Talvez a menina Espírito Santo pudesse, antes, brincar à caridadezinha. Dava mais jeito.

Dito isto, e como disse esse arauto da cultura lusa, o Tony Carreira, o sucesso cria inveja (ou coisa parecida) e é bem verdade. Então não gostaríamos todos de estar na Comporta à beira da piscina a brincar aos probrezinhos? Não gostaríamos todos não ter que pôr o despertador para as seis da manhã e termos o pequeno almoço feito pela empregada à espera? Não gostaríamos todos de não nos termos que preocupar com o dinheiro até ao final do mês?
Pois, eu adoraria e sonho por esse dia.

Mas uma coisa é certa: no dia em que pertencer ao filão dos Espírito Santos - e outros - não vou andar a dizer disparates a revistas, jornais e folhetins em geral. Porque ainda saberei medir o que digo e ver a realidade verdadeira à minha volta.

Entretanto, ela retratou-se. E lá anda na Comporta. Quero ver dia 10 de Agosto. Só por curiosidade.

2 comments:

  1. «A dama Espírito Santo que disse ao Expresso que os da sua laia, os ricos, iam para a Comporta “brincar aos pobrezinhos”, também vale pelo que vale. Zero. Mas já que a dama gosta de brincar “aos pobrezinhos”, então vamos brincar a sério. Vamos atribuir casa no Barreiro à dama, num dos dormitórios lisboetas que ali se fizeram há vinte anos, dar-lhe, vá lá, mais do que o salário mínimo nacional, 600 euros brutos, por exemplo, dar-lhe um emprego em Lisboa, num lar da Misericórdia, numa cantina, que é o que faz quem ganha esta fortuna, um marido a preceito, talvez funcionário da Câmara, mil euros brutos, dois filhos que está bem para a natalidade da classe dos ricos, agora a brincar aos pobrezinhos. Depois, acordamos todos os dias a dama, às 6 da manhã, merenda para os meninos, barco, autocarro, oito horas de trabalho, mais autocarro e barco e fazer o jantar. Aturar o marido, os filhos, limpar a casa. No dia seguinte, a mesma coisa, no dia seguinte, a mesma coisa. Um ano a “brincar aos pobrezinhos”, e aos “pobrezinhos de cima, porque os pobrezinhos de baixo estão na limpeza e no desemprego. Um ano. Sem Xanax. Ao fim do ano, volta para a Comporta. As mãos não são as mesmas. O cabelo não é o mesmo. A roupa não é a mesma. O marido e os filhos não são os mesmos. A cabeça? Não sei. Mas também não deve estar na mesma. Um ano a 600 euros não ajuda a querer “brincar aos pobrezinhos”. Agora já podem dar-lhe o Xanax, o Valium, o que quiser. Vai precisar.»
    http://abrupto.blogspot.pt/2013/08/como-os-pobrezinhos-dama-espirito-santo.html

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  2. Durante algum tempo após o 25 de Abril de 1974, apesar de miúdo, lembro-me bem que nessa época se dizia que, os ricos, á cautela, mantinham então os seus mercedes e jaguares nas respectivas garagens, evitando assim ostentações embaraçosas. Essa prudência de então, contrasta com a situação que hoje vivemos.
    Presentemente, as excitações desbragadas dessa e de outras damas, assim como de alguns valetes, revelam um profundo desrespeito pelos de baixo, e um particular desprezo pelos mais pobres, postura que só acontece por sentirem um ambiente favorável para o fazerem, de outro modo, as suas bocas, assim como outrora as suas garagens, manter-se-iam fechadas. De facto, estamos a viver um período sem precedentes. A forma acintosa como alguns concidadãos são vilipendiados pelo poder instituído – os funcionários, os professores, os reformados, entre outros – cria uma atmosfera propícia para as mais diversas dissertações, acerca de quem nestes últimos anos, dizem, viveu além das suas posses, e agora tem de ser castigado. A única conveniência que esses discursos revelam é sabermos exactamente, quem pensa o quê. Sem qualquer espécie de dúvida, quem neste momento detém o poder, tem uma missão a cumprir, e se as nossas vidas não estão muito pior, é apenas por incompetência dos protagonistas, e da resistência, por parte de alguns, a quem o poder apelida de malfeitores.
    Resumindo, os de cima nunca se sentiram tão por cima, sendo que os debaixo sentem exactamente o inverso

    (Telmo Martins)
    http://abrupto.blogspot.pt/2013/08/como-os-pobrezinhos-dama-espirito-santo.html

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