22.11.14

Eu dou-te a subvenção!

Eu acredito na dignidade e na responsabilidade da posição de deputado à Assembleia da República. É também por isso que defendo uma relação muito mais directa entre o eleito e os eleitores, coisa que o sistema que usamos não facilita. Por isso também não me espanta que os deputados tenham certos direitos que o comum dos trabalhadores não tem.

Mas a Isabel quer agora recorrer ao Tribunal Constitucional de forma a que este aprecie a inconstitucionalidade da continuidade da supressão das subvenções vitalícias dos senhores deputados. E quer-me parecer que ela se está a esquecer de uma coisa que devia ser muito importante na política: a moral.

Se ela até pode ter razão, tendo em conta uma lógica meramente legal, não a tem a nível moral. Nem ninguém que defenda que se prolonguem cortes ao comum dos trabalhadores - ou dos que já o foram - e se volte atrás nos cortes de quem mais tem. Não é bonito, não é justo, não é aquilo que a política deve ser.

Aliás, até me faz muita espécie como é que os deputados têm o poder de decidir as suas próprias regalias. Imagine-se se todos o pudessemos fazer onde trabalhamos! Era giro.

Achei interessante que alguém - aparentemente nas cúpulas - ganhasse juízo e não avançasse com esta proposta. Porque seria muito desprestigiante para uma classe política que já muito pouco prestígio tem junto dos demais. E se os dois maiores partidos do sistema podem falar e concordar nisto, bem que o podem fazer em relação a outras coisas igualmente relevantes para o país.
E eu deixo já uma dica: estratégia.

Como quem não quer a coisa.

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