19.3.14

A distância destrói relações

Há aquela coisa a que se chama distanciamento entre a política e a realidade. E vi isso acontecer nos últimos tempo e ontem foi um bom exemplo disso.

Nos últimos tempos tenho visto e lido notícias sobre cortes brutais ou totais em muitos dos apoios que o Estado oferece a crianças com necessidades especiais. Eu, que não gosto da subsídio-dependência, entendo porém que é necessário o Estado apoiar quem de facto necessita. O Estado Providência existe por alguma razão...

Mas o que me deixa triste e muito céptico face a uma certa política - baseada em números - foi o que vi ontem: uma manisfestação de dezenas de famílias afectadas pelos cortes destes apoios e que nada mais pedem do que o que recebiam. E a resposta do senhor ministro da Segurança Social foi a de que o apoio nos últimos anos tinha aumentado não sei quantos milhões de euros.

É bonito, sim senhor. Mas os cortes afectam quem estava na rua a manifestar-se. Por isso, convinha perguntar se os milhões estão a ser dirigidos para quem devem ser. Também convinha ver as questões das pessoas escalarecidas. Porque mudar as coisas nos gabinetes e maribarem-se para a realidade nunca dá bom resultado. 

Não é função do senhor ministro ir ver caso a caso, mas seria de bom tom ter referido que, a par do maior investimento, iria mandar ver o que se passa com aquela gente toda para poder estudar soluções.

Mas não.

E até pode ser que alguns apoios devam ser cortados, mas o ministro vir nestes termos não cai bem. Não cai bem a quem estava na rua a segurar bandeiras negras e a lamentar a sorte dos filhos.

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