Esta história dos taxistas
deixa-me enjoado, para não dizer enojado.
É verdade que nem todos os
taxistas são maus, ladrões, mânfios, fumadores e salazaristas. Mas também é
verdade que se fazem representar por um tipo – recuso-me a apelidá-lo de algo
melhor – que fica no limiar do apelo à violência. Tem sido muito triste ver o
discurso que faz a apologia do monopólio, da resistência à mudança e do insulto.
É verdade que o mercado do táxi é
dos mais regulados no país. Um taxista precisa de licença – cujo número é
limitado pelas câmaras – de horas de formação, de seguros. Concordo que alguma
coisa deva ser feita para aliviar o fardo de quem também precisa de ganhar o
seu honestamente, mas o discurso precisa de ser justo e cuidado, sob pena de
alienar quem se serve do serviço.
No meio disto tudo é lamentável
que não tenha havido um discurso que mostrasse vontade de aprender, vontade de
concertar exigências. No fundo, um discurso que fosse centrado no cliente em
vez de ser centrado no umbigo de alguns.
E explico porquê: quando há
monopólios, há interesses. E neste caso há-os e muitos. Por exemplo, as poucas
licenças que existem podem ser vendidas por milhares e milhares de euros – isto está
documentado – quando uma licença nova em Lisboa nem quinhentos euros custa. E
agora os taxistas não me venham cá com as cenas dos seguros, porque os outros
operadores também os terão que pagar (podem não ser exactamente os mesmos, mas
então exijam ao governo que o sejam ao invés de desancarem à porrada a quem
conduz um uber – aconteceu hoje mesmo na manisfestação). E também é verdade que
as horas de formação exijidas a uns não sejam as mesmas que os outros. Mas,
claramente, há quem precise mais que outros. Note-se bem nas queixas.
Se a coisa for centrada na
qualidade de serviço, os clientes não faltarão. É nisso que as novas operadores
muito apostam.
E não tenham ideias peregrinas de
ter uma bandeirada mínima de seis euros em determinados momentos do ano. Até
porque já têm tarifas nocturnas, taxa para bagagem ou para chamada
E duas notas curiosas:
- Os taxistas ficaram ofendidos
por terem sido insultados à beira do aeroporto e a polícia não ter intervindo.
Preciso de recordar que um certo secretário de estado e sua família têm andado
escoltados tais os níveis de insultos e ameaças?
- O epicentro da manisfestção é o
aeroporto. Um dos pontos negros do serviço de táxi. Que eu bem me lembro da
celeuma que um certo placard com os
preços médios levantou na altura. E ainda me espanta que seja necessária
polícia para organizar os táxis naquela praça, porque claramente é preciso
alguma autoridade externa.
Acho óptimo que o governo – este ou
outro qualquer – tenha tomado acção e legislado esta situação. É preciso
resolvê-la e é preciso aplacar os monopólios e a violência que por aí anda.